Paquetá

O ar puro que inspira
parece pôr tudo no lugar,
mostra a vida que espera
ao longe para se manifestar.

De dentro, clama o peito
por vez, voz,
direito e lugar.
Pede que voe,
que saia e veja
o bem que há
em não temer,
em ir além e
superar
rotinas,
passado.

Ali, Paquetá.

Mudança II

O que procuras fora
Só podes encontrar
Se já tiveres dentro
Ao menos um pouco

Não parece louco
Que sejam as paixões
Tão verdadeiras
Quanto egoístas?

Lembro-me de todas
As que não esqueci
Ainda tenho tudo
O que não perdi
No caminho
E que sempre
Tive comigo

O sentimento profundo
De que há muito mais
Para sentir e pensar
Conhecer e realizar

Circus

Éramos uma e outra vez,
nativos sem uma tribo
caçando, sem emoção,
outro êxito, outra razão.

Números e preços e dados:
éramos escravos do futuro,
oprimidos pela aprovação social,
sufocados pelo limite do normal.

O que fazíamos não tinha sentimento,
não fazia o coração cantar,
e não éramos importantes
ao ponto de brindarmos cada momento:
a riqueza de estarmos aqui, agora,
juntos de verdade.

Até que veio o sinal e os olhos
voltaram a brilhar, e os sonhos,
cansados de esperar, tomaram
a forma, o controle e o seu lugar devido
na liberdade da expressão,
na realidade e no peito aberto,
para o reencontro
com a essência da beleza,
doação.

Somos sombra feitos para dançar na luz,
somos névoa feitos para pintar o vento,
somos baú do tesouro no fundo do mar,
abertos para inspirar os peixes a nadar
como nunca.

Agenda

Pra onde a vida vai?
Qual é a direção
quando parece que tudo
saiu do lugar?
Qual é a sensação
de sentir o mundo
como que a chacoalhar?

Os jovens estão desanimados,
e os velhos, desconsolados
com o resultado
de contas que não fecham,
de sonhos que não chegam
a se realizar,
impedidos por desgovernos,
e por experimentos mortais.

É alto o preço a pagar pela desobediência,
pela confiança em quem muito mais cobiça
do que ama.

Então venha até o fim,
diga sim para quem só conheceu o não
da antiga serpente, a sociedade
que prometeu o direito,
mas exigiu servidão,
e garantiu crueldade.

Resplendor

Quem não quer melhorar de situação?
Subir deste para outro chão
feito de ouro puro e afeição.

Uma porta aberta para o céu,
nosso encontro além do véu,
o sentido concretizado
no sorriso eternizado.

Porque se aqui não é para sempre,
então sempre posso esperar
uma outra realidade
que me espera para nunca passar.

O que estou fazendo?
Para onde estou indo?

Um corpo de carne para aperfeiçoar
o espírito que precisa voltar
ao seu ponto de partida,
levando a alma a um ditoso lugar,
onde a luz nunca falta,
e o mal jamais entrará.