Enganação

Teoria, somente teoria,
ou seria a conspiração?
E por que não mentiria,
quem noite e dia
depende
da nossa atenção?

O poder parado,
para de poder.
O amor calado,
mata nosso ser.

Ainda queremos
que dominem
em nosso nome?
E ainda cremos
que laboram
contra a fome?

Os inocentes
mais inocentes,
sentem muito,
e sofrem muito mais
com os pais
e as crias:
os tais donos
de quase tudo.

Direito (a tudo)

O estado esquece
e a gente padece
de tudo:
o mundo
parece
pirado
por um sentido
pra longe de Deus.

Um homem fornece
outros interesses
e todo mundo
esquece dos meses
que nossos pobres
lembram,
por causa do descaso
que sem casa,
habitam.

O prefeito precisa fazer,
precisa morrer com honra
se for esperto
para saber que
muito sangue inocente
cobre suas unhas,
escurece seus dentes.

Parte (do inteiro)

Estou chegando a conclusões,
estou aprendendo com você.
Andei desafiando ilusões,
coloquei em risco o meu ser.

Não sou dono da verdade:
como possuir o que me possui?
E nem amante da maldade:
como ignorar quem eu fui?

Crescer não é pecado,
mas fugir põe a perder
o sentido de viver
e de ser mais humano.

Mais do que empregos,
mais do que carreiras.
Mais do que dinheiro,
somos feitos para amar
e dar a nossa parte.

Bandeira II (de um país sem passado)

Não teremos mais heróis,
enquanto ídolos pra nós
bastarem.

E nossos pais
sonharam mais
e foram fundo:
negaram mundo
e meio por um
ideal,
coisa
e tal
que agora nem
se pensa,
nem luta
por uma sociedade
com grande futuro:
nenhum muro
parece mais forte
do que o medo
da morte, que gira
um planeta inteiro,
em torno do umbigo
e da conta de cada
um, que se entrega
ao consolo terreno
de esquecer o mais.

Quase tudo distrai.