Brilhante

Surpreenderás os desavisados,
os incrédulos e os enfatuados
com o rapto sobrenatural
dos humildes em ti confiados.

Iniciarás tempo sem igual
no qual uma enganosa paz
o fogo do teu zelo traz
a todo habitante da terra.

Catástrofe, peste, fome e guerra
remediarão
adultérios, mentiras e crueldades
à perseguição.

Fala

Cuidado com o que vai,
com o que da mente cai,
ao coração que lembra.

Do que da boca tua sai,
cuida para não fartar
o coração,
para não entregar
tua razão
aos enganos de lendas.

O dom que no Jardim recebemos
procede e precisa de tal amor,
que só seu Autor sabe mostrar
como nós, falhos, mereceremos
vivenciar, prometida salvação.

Terra do não

O lado oculto da lua,
o outro lado de um coração:
a razão escapa crua,
o mal diz a verdade em vão.

Melhor a compaixão,
a ternura leva mais além,
mas ninguém ouve
a bondade como atenta
para o empurrão.

A queda está acontecendo,
a mentira está vencendo
e o homem sonhando
de uma prisão
sorri para a ilusão
da sociedade,
como se no passado
não tivesse sido
inundada, queimada
e esquecida
cada civilização.

Grito junto aos despertos:
é tudo um sonho!
E logo nos veremos
na realidade imutável
de tempo intransponível
chamada pelos que dormem
de terra do não.

Megido

És são ou insano?
Santo ou profano?
Gélido ou cálido?

O medo que tens
de ver-te a bem,
distorce a alma.

Não superior,
nem inferior.
Muito menos atolado
nos feitos do diabo:
por isto chame
defeito, fraqueza;
vergonha, beleza.

Mornidão,
tibieza?
És filho,
aprendiz,
bendito
e feliz,
ou não?