Bandeira II (de um país sem passado)

Não teremos mais heróis,
enquanto ídolos pra nós
bastarem.

E nossos pais
sonharam mais
e foram fundo:
negaram mundo
e meio por um
ideal,
coisa
e tal
que agora nem
se pensa,
nem luta
por uma sociedade
com grande futuro:
nenhum muro
parece mais forte
do que o medo
da morte, que gira
um planeta inteiro,
em torno do umbigo
e da conta de cada
um, que se entrega
ao consolo terreno
de esquecer o mais.

Quase tudo distrai.

Ciao 2.2

Parte de mim
precisa sair
do meu lugar,
para perdoar
a bondade
de ser assim:
cruel comigo,
comigo mesmo.

Pode me cortar um pouco,
e pode me amar um pouco?

Eu farei tudo por ti,
mas fica do meu lado.

Quantos amigos pode ter
um sonhador?
E quem poderia socorrer
um ajudador?

Tenho as respostas,
perdi as perguntas.

Pare de me perguntar
se estou bem,
quando estou
distante,
dormente.

Quanto tempo a gente
perde,
ganha,
passa
com tanta gente ruim?

Jamais me importaria
dormir,
morrer,
e acordar pro sempre.

Eu choro
por quem
nunca me
desculpa,
com quem
chorei:
passamos
da dor
e depois?

Eu choro
por quem
se negou
ao negar
quem sou,
o que eu disse
de quem sei,
e recebi.

Quando Deus
se cansa de
chorar,
o fogo
domina.